A campanha de vacinação contra a Covid-19 avança pelo país, mas, junto a ela, surge a preocupação dos governantes sobre a busca dos cidadãos pela segunda dose, necessária às vacinas Coronavac, Astrazeneca e Pfizer, e por pessoas que perderam a primeira chamada por motivos diversos. No Maranhão, por exemplo, aparecer para tomar a segunda dose pode render até R$ 10 mil, graças a uma campanha do governo do Estado para incentivar os moradores a se imunizarem. Cidades como Contagem, na região metropolitana de BH, ou São Paulo e Fortaleza, já organizam mutirões e até "festas", com comidas típicas do mês de junho para atrair o público. Belo Horizonte, ao contrário de outras, porém, não planeja a realização de um Dia D de vacinação ou de mutirões.
A opção pelo Executivo municipal tem sido manter as vacinas disponíveis em ao menos um posto por regional para os grupos já contemplados - quando há doses suficientes. "A população pode ter acesso ao imunizante durante toda a semana e não em um dia específico, tendo o cuidado de sempre consultar o portal da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) para se informar sobre quais centros de saúde estão realizando a vacinação", informa em nota.
Outra estratégia, segundo a PBH, é a busca por pessoas que já tomaram a primeira dose. "A prefeitura, por meio das equipes de saúde, tem reforçado as orientações e feito contato com as famílias, para alertar sobre a data da vacinação", informa.
Como alguns grupos ainda não foram chamados para a segunda dose, a prefeitura não possui um balanço fechado sobre os atrasados, mas aponta o êxito em algumas faixas. "Do grupo de 89 anos e mais, imunizado com a AstraZeneca há mais tempo, a cobertura vacinal está próxima de 90%", diz, por exemplo. A Organização Mundial de Saúde estima que a pandemia só será contida quando 70% da população estiver vacinada.
No caso da Coronavac, vacina em uso no Brasil cujo intervalo entre duas doses é menor (21 dias, frente aos três meses da Astrazeneca e Pfizer), BH chegou a registrar falta de doses para a segunda aplicação em pessoas que perderam o chamamento. Ao todo, a PBH estima que 34 mil pessoas estejam nessa situação. O município já convocou duas vezes essas pessoas.
"Toda estratégia que você estimule a vacinação funciona, seja ela lúdica ou até por meio de recompensa. Se pode flexibilizar os horários, aumentar os locais de vacinação e o horário de vacinação. O importante é você incentivar essas pessoas, porque a vacinação é um pacto social, interessa para todas as esferas que as pessoas estejam vacinadas", avalia o infectologista Leandro Curi.
Para Guilherme Lima, infectologista intensivista e coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Lifecenter, o mais importante é a conscientização da população. "O lado bom de um dia D é que você promove uma campanha de comunicação, se tem uma estratégia que muitas pessoas sejam atendidas naquele dia e isso reforça a importância da vacina, mas o ruim é que se cria sensação é que você tem um único dia para se vacinar, e isso não resolve a vacinação tem que ser ampla e restrita. Outra questão é que essas campanhas costumam promover algum nível de aglomeração e gerar risco de transmissão", explica.
"A gente fala de vacinação, a imprensa também, mas ninguém compete com a tia do Whatsapp, que desconfia da vacina. É preciso em todas as esferas, não só em BH, campanhas que combatam a fake news", completa Curi.
Em BH, para a conclusão do esquema vacinal é necessário levar o comprovante de residência, cartão de vacina, documento de identidade e CPF. Os locais e os horários de vacinação estão disponíveis no portal da Prefeitura.
Minas Gerais
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), 334.232 pessoas ainda não possuem o registro da segunda dose lançada no sistema oficial.
Como a aplicação das vacinas é de responsabilidade dos municípios, o Estado "orienta às Prefeituras que atrasos em relação ao intervalo recomendado para cada dose da vacina deve ser evitado", diz. "A SES-MG recomenda, ainda, às equipes de saúde das Secretarias Municipais o trabalho de busca ativa de faltosos na vacinação, especialmente pela Atenção Primária - por meio dos Agentes Comunitários de Saúde, que realizam um contato direto com cada pessoa vacinada", observa.
"Estudos científicos publicados até o momento comprovam que para a imunidade ser alcançada, individual e coletivamente, é importante a aplicação das duas doses. Dessa forma, o Governo de Minas tem realizado campanhas de comunicação para enfatizar a importância da segunda dose", completa.
Brasil
Segundo o ministro da Saúde informou no domingo (27), Marcelo Queiroga, 4 milhões de brasileiros que já têm direito, mas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19