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Colapso provocado pela pandemia na saúde afeta tratamento de outras doenças

Publicada em 14/04/21 às 08:39h - 25 visualizações

por Por LUCAS MORAIS


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 (Foto: Pixabay)

Pacientes relatam dificuldades de atendimento mesmo em unidades privadas. Especialista diz que diagnósticos de doenças como câncer também tiveram queda


Com uma saúde já bastante fragilizada por diversas comorbidades, Maria do Carmo Santos, 75, precisou ser hospitalizada com uma infecção urinária em janeiro. Ao longo de 60 dias de internação, a idosa teve um AVC e duas pneumonias, que ocorreram em decorrência da Covid-19, descoberta tardiamente. "Percebemos que havia uma demanda muito grande de nos hospitais, com uma sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde, o que afetou até a dinâmica de tratamento dos pacientes", contou a filha, Juliana Maria de Oliveira, 38.

Mesmo com alertas da professora sobre a possibilidade da mãe ter contraído o vírus, a equipe do hospital só realizou um teste na semana seguinte, quando a infecção estava no fim. "As unidades estão muito tumultuadas por conta desse volume de internações", relatou. No fim de março, Maria conseguiu a alta hospitalar para continuar o tratamento em casa – por conta da atual condição clínica, ela só consegue se alimentar através de uma sonda que vai direto no estômago, com uma dieta específica. Porém, a mãe da Juliana precisou voltar a ser internada no último fim de semana, diante do excesso de potássio no sangue.

"Fizemos contato com o plano de saúde dela, que é a Unimed, e o único que tinha vaga era o Hospital Santa Rita, em Contagem", disse. E foi quando situações inimagináveis começaram a acontecer: conforme Juliana, a unidade não disponibilizou nem fraldas descartáveis e ela ainda precisou buscar em casa a dieta que a mãe utilizava. "Mudaram as acomodações para atender em maior volume. Pegaram uma paciente da gravidade da minha mãe, que parou de andar, não fala, tem várias complicações, e colocaram em um local inadequado para as especificidades dela", disse.

Além do atendimento precário, a filha contou que faltou até roupa de cama durante a internação. "Os médicos estavam extremamente sobrecarregados, todos os materiais que ela necessitava para o tratamento não chegavam em tempo". Por isso, ela solicitou a transferência para outro hospital, o que foi negado em um primeiro momento. Após assumir a responsabilidade da alta para que a mãe voltasse para casa, Juliana conseguiu uma vaga em uma unidade de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

E experiências como a da professora são cada vez mais comuns até em hospitais particulares e sintetizam os impactos da pandemia nos atendimentos de outras enfermidades. O professor da Faculdade de Medicina da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, Dirceu Greco, lembra que a doença trouxe ainda mais dificuldades para todo o sistema de saúde, principalmente a rede pública. "Nos últimos anos, houve um subfinanciamento muito grande do SUS, como programa Saúde da Família. O que já era precarizado, ficou pior ainda", explicou. 

Muito além dos atendimentos de emergência, Greco acrescentou que campanhas de prevenção de doenças, como dengue e zika, praticamente pararam, o que trará reflexos graves em um futuro próximo. "Um trabalho da OMS mostrou que, se a pandemia continuar, teremos um aumento enorme de patologias como HIV, malária e tuberculose, por exemplo. A Covid-19 ainda tira o foco das pessoas sobre doenças oncológicas, cardiovasculares e pode levar a um diagnóstico muito tardio", disse.

 

'Sistema não tem condições de absorver toda a demanda'

Há mais de 40 anos, o médico endoscopista e membro da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), Ronaldo Taam, atua no SUS. Conforme o especialista, a taxa de ocupação dos leitos de UTI sempre estiveram perto de 100%. "Trabalhamos com muitas restrições, que aumentaram de um tempo para cá. Sem dúvida, o sistema de saúde não tem condições de resolver ou pelo menos atender esses casos todos que já estávamos tratando e mais esse aumento provocado pela pandemia", enfatizou.

Para o médico, outro problema trazido pela doença foi em relação à prevenção ao câncer, como o colorretal, responsável por 41.000 novos casos todos os anos no Brasil. Dados da Sobed revelaram que só em Minas Gerais o número de diagnósticos realizados para identificar a doença teve uma queda de 33% no ano passado. "Um câncer descoberto em fase inicial traz mais condições de oferecer um tratamento que traga sobrevida ou cura. Acredito que vamos ter casos acumulados e também em estágios avançados", resumiu.

O especialista pontuou ainda que, por medo de serem contaminadas, as pessoas deixaram de procurar as unidades de saúde e a pandemia também levou ao adiamento de cirurgias eletivas. "Exige uma preocupação dos hospitais em tentar manter os procedimentos, mas a recomendação que temos quando há número elevados de Covid-19 é que sejam cancelados. Um procedimento desse pode gerar internação, pode ter uma doença em fase avançada ou que precise de uma cirurgia", afirmou.

Mortes por doenças cardiovasculares cresceram até 132%

Um estudo conduzido por pesquisadores da UFMG, em parceria com a UFMG e a Sociedade Brasileira de Cardiologia, mostrou que o número de mortes por doenças cardiovasculares, como infartos e AVCs, cresceu até 132% no país durante a pandemia em 2020 – foram avaliadas seis capitais brasileiras. A pesquisa também revelou que problemas de saúde como diabetes e hipertensão se agravaram durante o isolamento social.

A principal causa do problema, segundo os pesquisadores, ocorreu devido à menor frequência do acompanhamento das enfermidades, com redução das consultas, exames e até cirurgias também por medo de contágio da Covid-19.

Sem resposta

Procurada pela reportagem sobre o problema enfrentando pela Maria do Carmo, o Hospital Santa Rita ainda não se pronunciou. Já a Unimed-BH declarou, em nota, que "toda a rede própria e credenciada de Belo Horizonte e região metropolitana vem sendo impactada pela alta demanda por leitos", mas que todos os clientes que necessitam de assistência são atendidos.

"A Cooperativa esclarece que a paciente foi assistida durante todo o tempo, sendo acompanhada pela equipe de atendimento domiciliar, além de ter recebido atendimento em dois hospitais da sua rede credenciada", informou.




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