"Tive que atender no chão porque não tinha maca e cadeira". “Não tem respirador agora e cinco pacientes evoluíram para entubação”. "Vai morrer pacientes sem a gente ver porque não tem gente suficiente". "Apocalipse".
Os relatos são de servidores que trabalham nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte, e foram passados pelo Conselho Municipal de Saúde (CMSBH). O órgão denuncia que, além de equipamentos e insumos que faltam em alguns pontos de atendimento, as equipes também trabalham na exaustão.
Mesmo com a adoção da onda roxa, que determina o toque de recolher e o fechamento de todos os estabelecimentos não essenciais, o cenário é classificado como caótico. "A situação está grave e as pessoas estão morrendo nas UPAs de Belo Horizonte desassistidas. Os trabalhadores estão ficando desesperados", disse o secretário do CMS-BH e médico Bruno Pedralva.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) garantiu que todos os pacientes hospitalizados nas instituições do SUS, e que necessitam de UTI, estão recebendo a assistência necessária. "Já foram cadastrados na central de leitos, aguardando a liberação de vagas. A central de leitos funciona 24 horas, sete dias por semana, inclusive nos feriados".
A pasta destacou ainda que, este mês, abriu 204 unidades de UTI no SUS-BH, o que fez saltar de 283 vagas no dia 1º para as atuais 487. Contudo, a quantidade não é suficiente para atender todas as vítimas da pandemia. A própria secretaria informou que a taxa de lotação das UTIs está em 105,7%.
Campanha e a divulgação, com mais transparência, da fila de espera nos leitos públicos e privados. Integrante do Comitê de Combate à Covid em BH, o infectologista Unaí Tupinambás reforçou que o ambiente das UPAs está saturado e disse que, sem mobilização coletiva, as cenas registradas em Manaus podem se repetir na capital mineira.
"Então, mais do que nunca, nós temos que reduzir a taxa de transmissão desse vírus ficando em casa e não circulando na cidade. Se sair, saia de máscara, evite aglomeração e lave as mãos", aconselhou. "Caso contrário, aquelas cenas de janeiro, que nós vimos em Manaus, irão se repetir até mesmo aqui em Belo Horizonte. As pessoas morrendo nas portas dos hospitais em busca de uma assistência médica de um sistema que pode entrar em colapso", prosseguiu.
*Com informações de Rômulo Almeida