Diante da realidade atual, sabe-se que a tradição familiar do batismo de crianças não mais garante uma formação permanente das famílias no caminhar do processo de evangelização da Igreja necessário para se constituir um bom cristão ou cristã, ou seja, um cristão que tenha uma boa iniciação aos mistérios da fé.
Ser cristão no mundo de hoje exige uma maior participação na vida do Cristo. É preciso fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo na comunidade e conhecer melhor seus ensinamentos. A prática da catequese proporciona maior amadurecimento da fé e ajuda as pessoas a estabelecer valores que orientem a sua vida. Esse crescer na fé se dá através das várias catequeses que vão acontecendo, de forma progressiva, no passo a passo e, assim, despertando as pessoas para a importância de se colocar no seguimento de Jesus.
O batismo é a porta de entrada para a vida da comunidade e início da caminhada para a construção da identidade cristã. Quando os pais pedem à Igreja o batismo para seus filhos, eles se tornam responsáveis por eles, até que os filhos e filhas possam fazer sua adesão pessoal a Jesus Cristo. A fé é dom de Deus, mas a pessoa que deseja seguir Jesus, necessita de buscar a educação da fé, participar da vida da comunidade, também das celebrações litúrgicas, ou seja, ter participação ativa da vida da Igreja.
A catequese e a liturgia caminham juntas.
Por meio da catequese tem-se um aprofundamento do conhecimento da pessoa de Jesus Cristo, conhece a Palavra de Deus e a história da salvação, além de ter a oportunidade de fazer a experiência das partilhas, de aprender valores que levam a um bom relacionamento com as pessoas. Ela ajuda no processo de transformação da pessoa porque é capaz de promover o encontro com Jesus.
Jesus, em seu tempo, tem um modo de falar de um profeta. Seus ensinamentos são tão ricos que as pessoas que o conhecia e o escutava viam nele um novo Moisés, um novo Josué, um novo líder do tempo dos Juízes, um novo Elias ou Eliseu, um novo profeta, enfim. Mas um profeta diferente, que não observava o sábado, nem o Jejum; não se importava com as questões de pureza, comida, bebida, rezas, nem observâncias legais. Ele gostava de estar no meio do povo simples e dos excluídos.
Depois da morte de Jesus, seus discípulos deram continuidade aos seus ensinamentos. A história continuou e grandes mudanças foram realizadas no decorrer da história. Várias formas de catequese foram acontecendo com o caminhar da Igreja para atender as exigências de evangelização de cada época. A história nos ajuda a revalorizar os diversos aspectos que, aos poucos, foram compondo o complexo processo da catequese ao qual chegamos hoje.
Com a atualização da Igreja proposta pelo Concílio Vaticano II, renova-se também a catequese, e a Igreja nos convida a olhar para a história e buscar inspiração no modelo de catequese catecumenal que criou bases para o fortalecimento do cristianismo e construção de todo um conteúdo de fé gerado pela experiência das primeiras comunidades: a vivência fraterna na comunidade, celebrada principalmente na Eucaristia, representava a maneira de traduzir na vida a mensagem de Cristo Ressuscitado, conforme podemos ler em 1Cor 11,17-29).
Trazer para os dias atuais essa experiência de viver a mensagem do Evangelho, traduzido no cotidiano da vida, é a meta da catequese de inspiração catecumenal: uma catequese querigmática (anúncio da Pessoa de Jesus Cristo); uma catequese mistagógica ( a experiência de se deixar conduzir para dentro do mistério da nossa fé, o Mistério Pascal); uma catequese evangelizadora a partir da Bíblia e da liturgia, com fundamentos sólidos oferecidos pela própria Palavra, pela qual Deus revela sua vontade de comunhão plena com os homens e mulheres de ontem, de hoje e sempre.
A catequese nos aproxima da revelação de Deus. Ele próprio nos revela a si, comunica seu amor com todas as pessoas que assim desejam fazer a experiência de caminhar com ele, se deixa guiar, confia. A revelação de Deus se plenifica em Jesus Cristo, que se torna para os homens de todos os tempos “caminho, verdade e vida” (Jo, 14,6). Jesus é a própria Palavra de Deus feito carne (Jo 1,14). Jesus Cristo, plenitude da Revelação de Deus, se comunica pelo Espírito Santo, o Espírito que foi enviado à Igreja, em Pentecostes, para manter vivo “o Evangelho: a Boa-Notícia de Jesus, o Cristo, o Ressuscitado.
A catequese, no seu processo evangelizador, ao apresentar a mensagem atualizada, ela deve manifestar sempre a unidade profunda existente entre o projeto de Deus realizado em Jesus Cristo e as aspirações humanas; entre a história da salvação e a história humana; entre a Igreja, Povo de Deus e as comunidades; entre dons e carismas sobrenaturais e os valores humanos. É assim que Deus continua a falar aos homens e mulheres em Cristo, pelo Espírito.
Toda essa experiência de vida é celebrada na liturgia, o lugar onde se celebra a vida, e nos introduz na vida de graça e da comunidade cristã
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.