A falta de água provocada pelo rodízio de abastecimento da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) fez com que comércios e ao menos uma escola deixassem de funcionar em Belo Horizonte. Em alguns pontos da cidade onde a previsão era de que os serviços estivessem normais, o fornecimento foi interrompido nesta quarta-feira (9). O rodízio ocorre devido ao rompimento de uma adutora, em Juatuba, na região metropolitana, problema que foi provocado por um incêndio, conforme concluiu a perícia contratada pela companhia. 

Cerca de 600 alunos da Escola Municipal Professora Ondina Nobre, no bairro Céu Azul, na região de Venda Nova, ficaram sem aulaspor conta da falta de água. A diretora da instituição, Daniela Filismino, 42, informou que a mangueira do caminhão-pipa da Copasa era curta e não chegava até a caixa d’água.

“A indignação não é só nossa. Recebemos mensagens de pais o dia inteiro, pessoas achando que deveríamos ter arrumado outra solução. Não conseguimos pensar, inclusive porque ainda estamos numa pandemia. Precisamos da higienização das mãos dos meninos para comer, precisamos dos banheiros limpos”, ponderou. Houve aula pela manhã, mas a caixa d’água não atenderia a escola nos turnos da tarde e da noite. 

A Secretaria Municipal de Educação informou que o colégio foi o único da rede a ficar sem água. Procurada sobre esse caso, a Copasa não tinha respondido até o fechamento desta edição.

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Impacto

Muitos moradores de bairros que estão fora do rodízio anunciado pela companhia reclamaram que foram pegos desprevenidos, já que tiveram o fornecimento de água interrompido, como ocorreu no bairro Nova Suíça, na região Oeste de BH. Em Contagem, aconteceu o mesmo nos bairros Eldorado, Novo Eldorado e Glória. Em outros bairros, foi mais crítico, pois falta água desde a última segunda-feira, segundo alguns moradores.

Wanderson Pinheiro, 55, dono de lava a jato no Glória, dispensou os clientes, porque não havia água trabalhar. “Estou no prejuízo”, reclamou.

No Eldorado, o vendedor de galão de água e gás Marcílio da Cruz, 62, viu o número de clientes crescer. “O movimento está triplicado. As pessoas estão chegando e falando que abrem a torneira e não tem água”, explicou. Os clientes estão comprando galões inclusive para usar em banhos.

O que diz a Copasa

A Copasa esclareceu que bairros podem ser afetados mesmo não estando no rodízio, devido à proximidade das localidades que tiveram o fornecimento temporariamente interrompido. 

Prevenção deve ter maior atenção

A Copasa informou  que o rompimento da adutora foi causado por um incêndio que atingiu a tubulação, conforme perícia contratada pela companhia. O ocorrido foi classificado pela empresa como “ato de vandalismo”. No entanto, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, é necessário investir na manutenção para evitar fatos como o de Juatuba. 

“O vandalismo pode ser combatido com fiscalização e até mesmo o cercamento da estrutura”, sugere o engenheiro civil Leo Heller, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz.

Apolo Heringer, fundador do Projeto Manuelzão, defende mais investimento em prevenção. “O problema desta adutora mostra a falta de manutenção preventiva, e, neste caso, isso é um problema exclusivo da Copasa”, apontou.

Os dois especialistas acreditam que o rodízio implementado pela companhia é a alternativa recomendada diante do cenário enfrentado. “Melhor do que o rodízio é não ter o rompimento, mas ele é uma forma de democratizar a falta de água”, pontua Heller.