Essencial nas residências, o gás de cozinha tem pesado no bolso das famílias. E a partir dos próximos dias, o consumidor vai pagar mais uma vez mais caro no botijão. Nesta segunda-feira (14), a Petrobras aumentou o preço médio de venda do gás liquefeito de petróleo (GLP) em 5,9% para as distribuidoras. Na prática, segundo a Associação Brasileira dos Revendedores de Gás (Asmirg), a alta no botijão de 13 kg, de R$ 2,50 para os distribuidores, deve ficar entre R$ 7 e R$ 8 para o consumidor.
Este é o quinto aumento do ano, o último reajuste foi em abril, quando o quilo do GLP produzido nas refinarias passou a ser revendido a R$ 3,21 – agora, sairá por R$ 3,40.
Segundo o IPC-S, indicador de inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), o botijão subiu 11,45% de janeiro a abril e 17,25% nos 12 meses iniciado em maio de 2020, enquanto a inflação foi de 3,5%.
"O que está acontecendo é que os revendedores estão fechando as portas, já perdemos a contas de quantos foram em Minas, porque não é possível repassar esses aumentos para o consumidor, as empresas estão falindo", explica o presidente da Asmirg, Alexandre Borjaili. No país, a estimativa da entidade é que mais de 70 mil revendedores encerraram as atividades. "Desse jeito vamos chegar no fim do ano com o botijão custando entre R$ 150 a R$ 200", alerta Borjaili.
Em Belo Horizonte, o botijão de 13 kg já é vendido por mais de R$ 100 em alguns locais. Segundo levantamento do site Mercado Mineiro, realizado em 105 distribuidoras, antes do reajuste de ontem, o botijão custava de R$ 84 a R$ 103, quando entregue na própria residência. No ano passado, no início da pandemia, o produto valia R$ 69 em BH, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
BH
Segundo o economista Feliciano Abreu, diretor do Mercado Mineiro, em seis meses, o botijão de 13 kg, que custava em média R$ 84,81, passou para R$ 92,38, um aumento de 9% ou R$ 7,57, quando entregue na própria região. Já o botijão de 13 kg retirado direto na revendedora passou de R$ 77,83 para R$ 85,42, um incremento de 9,76% ou R$ 7,59. No caso do cilindro de 45 kg, o preço médio de R$ 342,73, subiu para R$ 365,08, um aumento de 6.52% ou R$ 22,35.
“Gás é que nem energia, não tem como ficar sem, e quem mais sofre é a classe mais baixa que cozinha em casa. Uma pessoa que ganha salário mínimo não consegue manter o gás e todos os alimentos que estão aumentando. A tendência, infelizmente, é que os aumentos continuem tendo em vista o preço do dólar e o preço do barril do petróleo”, explica Abreu.
Dona do restaurante Divino, na região Leste da capital, Eufrásia Honorato já não sabe o que fazer para economizar. "No caso da carne, a gente vai escolhendo opções mais baratas, mas no gás fica difícil. Não posso repassar isso para o consumidor, as pessoas estão sem dinheiro", conta Eufrásia, que dá a dica para economizar. "A gente vai procurando onde tem mais barato, vai negociando. Em 36 anos de restaurante, estou vivendo o pior momento de aumento de preços", lamenta.
A recomendação da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás (Asmirg), no entanto, é ter cuidado na hora de pesquisar os preços. "Estamos vendo um mercado ilegal, algumas pessoas vendem mais barato, mas você corre o risco de comprar um gás adulterado e colocar um bandido na sua casa na entrega, porque muitos criminosos estão fazendo isso", alerta.
Reajustes
Entenda. Em vigor desde 2019, a política atual de preços do gás de cozinha prevê reajustes sem periodicidade definida. O preço está atrelado a dois componentes: dólar e cotação internacional do petróleo. Em 2017, o botijão inicialmente foi reajustado mensalmente, mas passou a ter o preço revisado a cada três meses, numa política que vigorou até o fim de 2018.
Como economizar
- Atenção para as panelas: prefira cozinhar com panelas tampadas, elas aproveitam melhor o calor e reduzem o tempo do cozimento. Evite também colocar panelas pequenas nas bocas grandes do fogão. Panelas antigas, com amassos ou fundo gastos, também podem atrapalham o processo e consumir mais gás.
- Utilize o vapor: aproveite o vapor da panela onde faz algumas receitas, como o arroz, para cozinhar legumes.
- Atenção para a cor da chama: As chamas do gás devem apresentar coloração azulada. A presença de tonalidades amareladas, que sujam o fundo da panela, é sinal de que os queimadores estão sujos ou desregulados, o que aumenta o consumo de gás.
Na ponta do lápis
Veja os reajustes no preço do gás de cozinha ao longo do ano
Janeiro - 6%
Fevereiro - 5,1%
Março - 5,31%
Abril - 5%
Maio - sem reajuste
Junho - 5,9%
Saiba o preço médio do gás de cozinha nas capitais
1) Macapá (AP) - R$ 104,67
2) Boa Vista (RR) - R$ 103,23
3) Cuiabá (MT) - R$ 103,12
4) Rio Branco (AC) - R$ 101,86
5) Porto Velho (RO) - R$ 98,66
6) Fortaleza (CE) - R$ 93,28
7) Belém (PA) - R$ 93,14
8) Natal (RN) - R$ 92,22
9) Palmas (TO) - R$ 91,75
10) Manaus (AM) - R$ 91,61
11) Vitória (ES) - R$ 90,17
12) Florianópolis (SC) - R$ 90
13) Goiânia (GO) - R$ 89,81
14) Teresina (PI) - R$ 89,07
15) João Pessoa (PB) - R$ 85,31
16) Belo Horizonte (MG) - R$ 85,30
17) São Luís (MA) - R$ 84,77
18) Porto Alegre (RS) - R$ 84,65
19) Curitiba (PR) - R$ 84,53
20) Aracaju (SE) - R$ 82,81
21) Maceió (AL) - R$ 82,36
22) São Paulo (SP) - R$ 81,58
23) Salvador (BA) - R$ 80,42
24) Brasília (DF) - R$ 80,24
25) Campo Grande (MS) - R$ 79,85
26) Recife (PE) - R$ 78,26
27) Rio de Janeiro (RJ) - R$ 75,97
Fonte: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Mercado Mineiro