Com o agravamento da pandemia e o novo fechamento do comércio em Belo Horizonte, bares e restaurantes buscam alternativas para sobreviver à pandemia. Um deles é o bar Sirène Fish & Chips, na rua Sapucaí, no bairro Floresta, na região Leste da capital. Há pouco mais de um ano no mercado e apostando no charme do peixe fresco com batata servido em cones, o comerciante Cesar Leandro Soares de Castro, 55, conta que ele e o sócio precisaram se reinventar e investiram no delivery.
“Com o fechamento e a proibição do take away (retirada no balcão), fizemos um forte trabalho nas redes sociais com post patrocinado, investimos no serviço de delivery, e os nossos clientes compreenderam essa necessidade. Para aquele que chega aqui, pede para comprar no balcão e beber na nossa porta, eu digo que infelizmente não pode, pois temos que respeitar o que a PBH determinou. Eu o oriento a pedir pelo delivery, ele entende, se sente esclarecido e não some”, conta.
O trabalho deu resultado, e o estabelecimento passou da média de 20 pedidos de delivery por mês para 450 encomendas no mesmo período, um crescimento de mais de 2.000%.
“Fomos atrás dos melhores fornecedores de peixe fresco para trazer mais qualidade ao cardápio, mudamos a embalagem para ficar mais atrativa, aumentamos de uma para cinco as parcerias com aplicativos de entrega. Eu e meu sócio fomos para a cozinha e assumimos tudo, já que não conseguimos manter os funcionários. Passamos e entender melhor o nosso produto, e graças a Deus as vendas foram aumentando”, explica.
Castro garante seguir à risca as determinações sanitárias e acredita que o grande diferencial para não perder a clientela é manter uma relação transparente. “Para aqueles que insistem em consumir aqui na porta, eu digo: vai para casa, quanto mais vocês ficarem em casa, mais rápido a gente vai voltar para o bar. Se eu desrespeito, o cliente observa e fala mal, então temos que dar o exemplo”, finaliza.
Fiscalização
De 6 de março, quando a PBH endureceu as regras, até o dia 17, os fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental interditaram 49 estabelecimentos e aplicaram nove multas, no valor de R$ 18.359,66 cada. As ações contaram com o apoio da Guarda Municipal.
Os estabelecimentos que não cumprirem as medidas de combate ao novo coronavírus estarão sujeitos a interdição e multa. A prefeitura esclarece que a população pode auxiliar o poder público denunciando irregularidades nos canais oficiais da prefeitura – pelo aplicativo da PBH, portal de serviços ou pelo telefone 156. Outra ajuda é conscientizando familiares e amigos sobre os riscos da propagação da doença.
Bolão
Para continuar mantendo a tradição do Restaurante Bolão Santa Tereza, na região Leste da capital, que completa 60 anos em 2021, na região Leste de Belo Horizonte, a empresária Karla Rocha, sócia-proprietária da terceira geração da família à frente do negócio, priorizou o atendimento 100% via delivery. Essa foi a maneira que ela encontrou para não desrespeitar o decreto da prefeitura e manter o emprego dos atuais 30 funcionários.
“Sempre respeitamos as regras de funcionamento da prefeitura, e as pessoas sabem como a gente trabalha. Eu já tinha o serviço de delivery próprio por telefone. Agora, estou focando 100% o delivery e, como não tem restrição de horário, começo a atender às 11h e vou até as 23h. Criei meu próprio aplicativo de entrega, recebo pedidos também por outros aplicativos e pelo site do Bolão”, diz.
As quatro ferramentas de entrega utilizadas por Karla contribuíram para um aumento de 40% nos pedidos via delivery.
Enquanto a vacina não chega para todos, Karla resolveu criar o projeto Sabor da História (@sabordahistoriabh, no Instagram), para divulgar a história de outros restaurantes e de seus serviços de delivery.
“Esse projeto foi criado para que possamos ajudar a manter viva diversas páginas da história da gastronomia de Belo Horizonte que estão sendo ameaçadas pela pandemia. É onde todos nós vamos falar com as pessoas sobre nossos deliveries”, explica.