Nossa Senhora da Seringueira ou do Acre é venerada como a padroeira do mais ocidental dos Estados brasileiros, situado na região amazônica e fronteiriço com o Peru e a Bolívia.
Essa local devoção mariana é representada por uma pintura emoldurada num quadro que hoje pode ser contemplado na suntuosa Catedral de Nossa Senhora de Nazaré, na capital Rio Branco, localizada às margens do Rio Acre e a mais de 3.000 quilômetros de Brasília.
Trata-se da imagem popularmente chamada de Nossa Senhora da Seringueira ou, simplesmente, Nossa Senhora do Acre: ela mostra a Santíssima Virgem Maria com o Menino Jesus em um braço e, na outra mão, um ramo de seringueira, árvore-símbolo do Estado que prosperou durante o ciclo econômico da borracha.
De acordo com a tradição, a imagem da padroeira do Acre foi pintada por um índio boliviano que alegava ter visto Nossa Senhora com um ramo de seringueira na mão. Vale recordar que o atual território do Acre já pertenceu à Bolívia antes de ser incorporado ao Brasil em 1903. O indígena boliviano, desconhecido, teria deixado na pintura apenas as suas iniciais: L.P.
Segundo Vinícius Aparecido de Lima Oliveira, associado da Academia Marial de Aparecida, o quadro teria sido usado pelos bolivianos, durante a Revolução Acreana, como uma armadilha contra as tropas brasileiras. Os soldados bolivianos organizariam uma falsa procissão e, por trás da tela, esconderiam as armas dos seus atiradores. No entanto, o líder dos acreanos, Plácido de Castro, não acreditando na “súbita religiosidade” dos inimigos, teria pedido perdão à Mãe de Jesus e aberto fogo contra a tela. Vinícius ressalta que essas histórias “não estão escritas em papéis”: não há quaisquer documentos que as comprovem, mas elas “permeiam a memória e o imaginário de um povo devoto”. Como quer que seja, é possível, de fato, identificar marcas de bala na pintura.
A devoção a Nossa Senhora da Seringueira ou do Acre é celebrada duas vezes por ano: em 27 de janeiro, durante as comemorações pela Independência da Terceira República do Acre, e em 17 de novembro, quando se celebra a Assinatura do Tratado de Petrópolis, que, em 1903, selou entre o Brasil e a Bolívia a definição da fronteira que tornou o Acre parte oficial do território brasileiro.
Depois de passar por uma importante restauração, a imagem de Nossa Senhora da Seringueira foi entronizada na Catedral de Nossa Senhora de Nazaré, em Rio Branco, no dia 1º de maio de 2016, em cerimônia presidida pelo bispo dom Joaquín Pertíñez Fernández, que é espanhol de nascimento.
Na ocasião, dom Joaquín recordou as histórias sobre a origem da imagem da padroeira do Acre e destacou que a sua presença e proteção esteve junto aos acreanos ao longo de toda a sua história. Ele pediu que a Santíssima Virgem, venerada sob essa denominação popular, continue acompanhando “os filhos de tantos seringueiros que aqui trabalharam e, como grande expressão de sua fé, transmitiram a seus descendentes a devoção a Nossa Senhora”.
A propósito do que significa um santo padroeiro dentro da fé católica e de qual é a decisiva diferença entre o culto de veneração e o culto de adoração, confira o seguinte artigo sobre os padroeiros dos Estados do Brasil:
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