Registros do Ministério da Saúde indicam que 2.360 moradores de Minas podem ter recebido vacinas trocadas ao buscar a segunda dose contra a Covid-19. O levantamento mostra que elas podem ter recebido uma dose de um fabricante diferente da primeira recebida – Coronavac ou Oxford/Astrazeneca, que são as marcas utilizadas hoje no país. O problema é que não existe uma orientação clara sobre como as secretarias de Saúde devem agir caso o erro aconteça.
O Ministério da Saúde afirma que recomenda aos Estados e aos municípios o acompanhamento e monitoramento das pessoas que vivenciaram casos de “intercâmbio vacinal”. “Esses indivíduos não poderão ser considerados como devidamente imunizados, no entanto, neste momento, não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas Covid-19”, diz o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 (PNO), sem especificar como deve ser realizado o monitoramento nem quais pontos devem ser observados pelos médicos.
O documento indica ainda que, em “casos nos quais o indivíduo tenha recebido a primeira dose de vacina Covid19 de um produtor (fabricante) e com menos de 14 dias venha a receber uma segunda dose de vacina de outro produtor (fabricante), a segunda dose deverá ser desconsiderada e reagendada uma segunda dose conforme intervalo indicado da primeira vacina Covid-19 recebida”.
De acordo com Estevão Urbano, infectologista e integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid em Belo Horizonte, não existe um protocolo para esse tipo de problema porque nunca houve uma pesquisa sobre efeitos possíveis na combinação entre vacinas contra a Covid dos fabricantes Sinovac/Butantan e Astrazeneca/Fiocruz.
“Estamos caminhando no lodo, não tem chão firme nesse caso. Todas as nossas recomendações são baseadas em ciência, e, nesse caso, nunca teve pesquisa. Vamos descobrir o que pode acontecer a partir do empirismo, da análise individual do especialista que acompanhar o caso”, explica.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que, caso venha a ser detectado um caso de troca de imunizantes na aplicação da segunda dose, a orientação é acompanhar o caso individualmente. E cada cidade pode definir como se dá esse acompanhamento. “Deve-se usar o bom senso para se chegar a uma definição sobre isso”, completa Urbano.