Otempo da Quaresma começa cada ano com o Evangelho da tentação de Jesus no deserto: “Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio” (Mt 4,1). Qual foi a intenção do demônio em tentar Jesus? O diabo queria prejudicar a relação de Jesus com o Pai para que Jesus deixasse de confiar nele e deixasse de amá-lo como a um filho.
O diabo é muito bom em destruir a confiança do homem em Deus, o Pai. Pense em como você se sente quando está sendo perturbado por uma tentação. Você pensa: (a) que você fez algo errado; (b) que Deus está te punindo e te rejeitando; e (c) que Deus não se contentará até que você prove a Ele que você merece Seu amor. Se você sucumbir a toda essa conversa, o diabo já ganhou.
Entretanto, considere tudo isso à luz das tentações de Jesus. Quem o diabo perseguiu? Alguém mau ou alguém bom? A resposta é obviamente alguém bom. E é exatamente por isso que o diabo também o incomoda com as tentações. Ele não precisa perder seu tempo tentando pessoas que são más e que já estão cedendo às tentações por conta própria. Não, o demônio visa pessoas santas, porque se ele conseguir derrubá-las vitoriosamente, terá um troféu para acenar maliciosamente no rosto de Jesus.
Os santos confirmam isto. Santo Ambrósio disse: “o diabo sempre inveja aqueles que aspiram a coisas santas”. Da mesma forma, São Hilário de Poitiers disse: “O diabo tenta os que são santificados, porque deseja acima de tudo derrotar os santos”.
Quando a tentação chegar, agradeça porque sua presença é uma confirmação de seu estado espiritual virtuoso, que o Maligno considera uma ameaça real. Muitas vezes, apesar de seu desejo de crescer em santidade, o homem não sabe por onde começar. Portanto, você pode ser grato quando a tentação vem, porque pode ter certeza de que o diabo está visando a área específica de sua vida onde você é mais fraco e onde você mais precisa crescer. Sem a luta contra a tentação, você já teria identificado isto por si mesmo? Você pode olhar a tentação como uma ajuda suprema para sua vida espiritual.
A experiência da tentação é de fato uma espécie de escola de santidade
E finalmente, não é quando somos tentados que devemos nos preocupar, mas quando não somos tentados, porque isto significa que o diabo não nos considera dignos de perseguição, provavelmente porque já estamos destruindo nosso relacionamento com Deus por nós mesmos.
Jesus nos mostra que as tentações são um passo crucial no caminho da santificação. A experiência da tentação é de fato uma espécie de escola de santidade. Quando a tentação chega, confiamos no Senhor? Na realidade, o homem muitas vezes pensa que é autônomo, que pode fazer tudo sozinho, que é o autor de seu próprio destino. O diabo quer que ele se entregue a estas ilusões. No entanto, a tentação é uma oportunidade privilegiada para se tornar mais forte, confiando na força de Deus. O homem não pode ser “auto-suficiente” ou esperar fazer tudo por si mesmo.
Assim, em meio à agitação da tentação, vá imediatamente a Jesus, sem deixar que a vergonha, a humilhação ou o desânimo se interponham no caminho. Pois o diabo é derrotado quando vê que não pode te afastar de Jesus. Você não “vencerá” as tentações por si mesmo, mas o amor de Jesus será capaz de dissipá-las para você.
Portanto, em suas tentações, apenas vá até Jesus. O diabo é derrotado quando ele sabe que não pode te manter longe de Jesus. Você pode confiar no Senhor porque “Deus é fiel: ele não permitirá que você seja provado além de suas forças” (1 Cor 10,13). Por mais feroz que seja a tentação, ela não pode sobrepor-se à divina providência de Deus que está sempre perto de você e o encoraja.
Então, o que você vai fazer? Você tentará combater a tentação por si mesmo ou se abandonará aos braços de Jesus? Esta viagem quaresmal pode ser uma escola de rendição ao Senhor. A oração do Senhor também pode ser uma grande ajuda. Quando você diz “não nos deixeis cair em tentação”, você está dizendo:
Eu sei que preciso de tentações para que o Senhor possa me purificar e aperfeiçoar. Mas quando a tentação vier, não deixe que ela me leve ao desânimo ou ao pecado, mas deixe que ela me leve a te amar mais e a me render a ti.