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Síndrome da Gaiola afeta pais e filhos no retorno às escolas

Publicada em 03/05/21 às 09:05h - 14 visualizações

por Por LETÍCIA FONTES


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Edna Nascimento decidiu não enviar os filhos e diz identificar neles também medo do retorno  (Foto: Foto: Ramon Bittencourt/O Tempo)

Especialistas salientam que medo é normal, mas não pode afetar a rotina e trazer sofrimento


Belo Horizonte retoma, nesta segunda-feira (3), as aulas presenciais para a educação infantil na rede pública. Após uma semana da volta da rede particular e com as incertezas que a pandemia traz, muitos pais ainda vivem o dilema da decisão de voltar ou não com os filhos para a escola. Segundo especialistas, o desconforto e o medo são sentimentos normais em meio à pandemia e após mais de um ano do ensino remoto, mas eles alertam para o risco de pais e filhos desenvolverem a chamada ‘Síndrome da Gaiola’, quando a resistência em sair de casa ou deixar o outro sair passa a ser um sofrimento.

“Diante dos adoecimentos, perdas e após um longo período mantendo os filhos longe do ambiente escolar, tudo em prol de mantê-los em segurança, era de se esperar que isso acontecesse. O que precisa ser avaliado é a intensidade desse medo, tanto dos pais quanto das crianças e dos adolescentes”, explica a psiquiatra Patrícia Peralta. 

O medo excessivo da exposição não é uma realidade apenas brasileira. Os espanhóis a chamam de ‘Síndrome da Cabana’, já os franceses a nomearam ‘Síndrome do Caracol’. Mas independentemente do nome, o fenômeno, segundo profissionais de saúde, é uma realidade mundial, cada vez mais comum.

“A pandemia desperta reações naturais, mas quando a tristeza, a angústia, a ansiedade, a fadiga e as preocupações começam a prejudicar a rotina, a qualidade de vida e a paralisar a pessoa, uma patologia psíquica pode estar presente”, explica o psiquiatra Rodrigo D’Angelis. Segundo ele, o comportamento pode se agravar em pacientes com depressão ou transtorno de ansiedade.

Decisão. A psicopedagoga e psicanalista Ângela Mathylde salienta que a decisão do retorno ou não às escolas é de cada família. “As escolas muitas vezes são super valorizadas. Você não pode colocar a solução de todos os problemas na escola”, afirma a especialista. 

Já o psiquiatra Rodrigo D’Angelis ressalta a importância social da escola. “Ela é um local de desenvolvimento humano, social, cognitivo e emocional. A negação de tal espaço prejudica o desenvolvimento e retroalimenta a recusa à escola, além de demonstrar que há um sofrimento da criança ou adolescente que pode se cronificar”, destaca

'Tem jeito para tudo, menos para a morte’

O medo da volta às aulas é comum entre pais e filhos. Edna Paula Nascimento, 41, por exemplo, decidiu não enviar nenhum dos quatro filhos à escola. “Eu tive Covid, eu sei como é. Não me sinto segura”, desabafa a engenheira, que identifica o mesmo receio nos filhos de 4, 10 e 14 anos. “Eles têm muito medo de transmitir para a irmã mais nova, que tem microcefalia e é do grupo de risco”, explica.

A artesã Elaine Lima, 44, está segura da decisão de esperar para enviar a filha Gabriela, 10, para a escola. “Sem chance de colocar nossas vidas em risco. Eu quero ela com saúde. Para a escola a gente dá um jeito. Tem jeito para tudo, menos para a morte”, defende a artesã.

Filhos. O temor também afeta os alunos. É o caso de Júlia*, 15, que não quer voltar às atividades presenciais. 

“É uma sensação de medo e confusão. Querem forçar uma normalidade que não existe”, argumenta a estudante do ensino médio. 

*nome fictício

Minientrevista 

Wilmer Bottura - Psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (ABMP)

O que é a síndrome da gaiola? Existe uma certa mania de criar síndromes com novos nomes para sentimentos antigos, embora neste caso esse sentimento esteja profundamente ligado a um fenômeno novo ligado ao isolamento social. Muitos pais estão com medo e não é à toa. A gaiola nada mais seria as portas abertas para sair e as pessoas não querem sair. Essa metáfora da gaiola está ligada também a filhos superprotegidos dentro de uma gaiola e quando chega a hora de sair ficam com medo. 

Como identificar que o medo está exagerado? Para os pais a gaiola existe, mas é preciso saber que eles (os filhos) precisam também saber voar, isso é uma metáfora para a vida. Nessa questão específica do retorno às aulas, há um medo hipertrofiado pela qualidade das informações que são dadas. Todos nós somos torturados com a possibilidade de nos contaminar e contaminar quem nós amamos. E o medo gera vários tipos de reação, a fuga, a negação, a defesa. Mas é diferente o medo constante, aquele que foge da realidade, para aquele que gera cautela. 

Como decidir a melhor opção para a família? O melhor remédio para o medo é a informação precisa. A síndrome da gaiola tem a ver com excesso de avisos amedrontados e poucas informações consistentes. Sabemos que há perdas na socialização, na matéria nem é a mais importante, porque isso se dá um jeito no futuro. Devemos nos preocupar realmente no contato, mas não há como assegurar que voltar para a escola não vai acontecer nada demais. Nós estamos em um momento de índice altíssimo de mortes. Eu tenho medo de mandar meus netos, eu estou vacinado, os pais deles também, mas eu tenho medo ainda, porque a mim que sou médico ainda faltam informações consistentes. 

Saiba mais

BH. Mais de 80 mil crianças de 0 a 5 anos podem voltar às salas de aula hoje na rede municipal. Na última semana, segundo o Sindicato das Escolas Particulares do Estado (Sinep), 28.112 alunos retornaram na rede privada. 

Volta gradual. Segundo a PBH, a reabertura para as demais faixas etárias vai depender do impacto da volta do ensino infantil nas três primeiras semanas. 

Rede estadual. As aulas na rede estadual seguem de forma remota por decisão judicial que impede o retorno das atividades presenciais. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, quando houver liberação, será adotado  o modelo híbrido, mas só para as cidades nas ondas Verde e Amarela do Minas Consciente. Conforme o Estado, as prefeituras têm autonomia para decidir sobre a reabertura. 

Protocolos. O protocolo para implementação do modelo de ensino híbrido foi definido por um grupo que engloba, dentre outros, a Sociedade Mineira de Pediatria e a Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria.





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