O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV), afirma que trabalhará em uma emenda para que parte do acordo do governo de Minas com a Vale seja destinada ao desenvolvimento de uma vacina contra Covid-19 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Segundo a reitora da Federal mineira, Sandra Goulart, são necessários R$ 30 milhões para que os testes do imunizante, um dos três em desenvolvimento mais avançado no Brasil, avancem e ele esteja disponível em 2022. Em reunião dos deputados com a reitora na manhã desta quarta-feira (14), o presidente da Casa disse que todo o recurso deverá ser garantido pelo acordo com a Vale, que soma quase R$ 38 bilhões.
“Vamos incluir, entre as obrigações que a Vale terá que cumprir, o repasse dos valores necessários para o desenvolvimento e produção dessa vacina. A UFMG terá o recurso ainda neste ano. Espero que a emenda seja assinada pelos 76 deputados desta Casa”, disse. O dinheiro é necessário para a finalização das fases um e dois dos testes, mas a fase três, que envolve testagem em massa em humanos, demandará mais recursos no próximo ano. Patrus promete que novos montantes serão alocados para a pesquisa na Lei Orçamentária para 2022, a ser discutido pela assembleia no final deste ano.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) também afirma estar em diálogo com a reitoria da UFMG para avaliar uma possível ajuda financeira, que ainda não detalhou. A vacina, por ora batizada como Spintec, passou por testes em camundongos e, após se provar 100% eficaz contra a Covid-19 nessa espécie, ela avançou, na terça-feira (13) para os testes em primatas, etapa obrigatória das pesquisas. Além da Spintec, a UFMG trabalha em outros seis possíveis imunizantes.
Segundo Goulart, a produção industrial do imunizante deve ser realizada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), com a qual a Federal está em negociação. “A UFMG faz pesquisa e testa, mas depois tem que entregar a vacina para uma empresa ou para uma entidade pública. É o que a Oxford fez com a AstraZeneca”, disse a reitora. Ela lembrou a vacina contra leishmaniose canina desenvolvida pela universidade na década passada, pela qual a universidade ainda recebe royalties.
“Por que os EUA têm excesso de vacinas? Em maio de 2020, eles fizeram uma operação que injetou US$ 18 bilhões para que os EUA tivessem toda a cadeia de produção de vacinas no próprio país. É uma necessidade que temos para o nosso país”, questionou a reitora.
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