Estimativas divulgadas pelo próprio Ministério da Saúde apontam que cerca de 25% dos brasileiros têm hipertensão arterial – ou pressão alta, como essa comorbidade é popularmente conhecida. Porém, é difícil estimar quantos têm as características específicas que se enquadram entre as comorbidades do grupo prioritário da vacinação, de acordo com o cardiologista Bruno Ramos Nascimento, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
“Para o Plano Nacional de Imunizações (PNI), não serão todos os hipertensos que terão prioridade. Serão os casos mais graves, como o paciente hipertenso em estágio mais avançado, o 3, com pressões mais altas do que 18 por 11; os pacientes que tenham hipertensão e que precisam de pelo menos três medicações com doses elevadas, uma delas sendo um diurético; e, em terceiro lugar, pacientes hipertensos nos estágios mais baixos, 1 e 2, mas que tenham lesões nos chamados órgãos-alvo, ou seja, nos órgãos que sofrem com a hipertensão, como os rins, coração, o cérebro e a retina”, detalha o médico.
O especialista pontua que o ideal seria haver um bom acompanhamento na saúde primária de todas as pessoas ao longo da vida e que se basear em um laudo médico para tomar a vacina anti-Covid pode abrir margens para erros.
“Diferentemente do diabetes, em que você tem um exame e vê que a glicose está em determinado nível, para definir a pressão você depende da medição que o médico faz e relata, o que pode ser alvo de imprecisão”, avalia o cardiologista.
Vale lembrar que, além da pressão alta, existem outros problemas cardiovasculares que podem ser fatores de risco para infectados pelo coronavírus. Na lista estão defeitos no coração, doenças no miocárdio e doença arterial coronariana, entre outros.